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“Nós hipotecamos o futuro”, afirma Zygmunt Bauman

Há alguns dias, foi exibida pela Globo News a entrevista concedida por Zygmunt Bauman ao programa Milênio. Entre as temáticas objeto de análise pelo sociólogo polonês, destacam-se o divórcio entre o poder e a política, o striptease espiritual público e a comercialização da moral humana, características de uma profunda revolução cultural, da qual não somos meros expectadores. A entrevista está disponível abaixo.

Até a próxima,
Stanley Marques.

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Perversidade humana

Dois vídeos exibidos por emissoras de tevê e posteriormente disponibilizados na internet trouxeram à evidência a perversidade humana. No primeiro vídeo, a repórter de um programa policialesco de uma emissora baiana filiada à Rede Bandeirantes “entrevista” um jovem acusado de estupro. A acusação, o pranto e os erros de português do “entrevistado” são confortavelmente utilizados pela sorridente jornalista num verdadeiro circo de horror. Noutro vídeo, a apresentadora Xuxa confessa ter sofrido abusos sexuais durante a infância e a adolescência em uma entrevista ao programa Fantástico (Globo). O público não perdeu tempo e logo começou a se manifestar, tornando o assunto um dos mais comentados nas redes sociais. Diante de tanta bizarrice escrita por aí, felizmente fui surpreendido pelo sensato texto de Matheus Pichonelli publicado no site da revista Carta Capital. Clique aqui para ler o artigo “Sobre meninos e lobos” na íntegra. Acompanhe um trecho da matéria abaixo.

E o que a Xuxa e o jovem açoitado na Bahia tem em comum? Nada, a não ser a exposição diante de uma multidão sangrenta e incapaz de lidar com seus próprios crimes de maneira honesta. Casos de abuso sexual existem aos montes. É um fato, e só quem passou por momentos assim sabe o quanto pesa o silêncio e a exposição. Não parece produtivo combatê-lo na base do escracho ou da hipocrisia. 

Em tempo: Após a publicação desta postagem, Marina Benzaquen me sugeriu a leitura da matéria “A violência eufemismada de jornalismo: ‘Paulo Sérgio, estuprador”, assinada pelo jornalista Alexandre Haubrich e publicada em seu blog. O autor em seu texto aborda o primeiro infeliz episódio comentado nesta postagem e enfatiza a necessidade de regulação da mídia brasileira, que, a despeito de ser uma concessão pública, em incontáveis casos é utilizada como instrumento de “bestificação da população brasileira”. Clique aqui para ler o texto na íntegra.

Diante destes episódios, não nos resta outra conclusão: sobram pseudo-psicólogos e pseudo-psiquiatras enquanto falta qualquer senso de humanidade.

Até a próxima,
Stanley Marques.

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Zygmunt Bauman e a Modernidade Líquida

Na noite deste domingo, a TV Cultura exibiu uma edição especial do Café Filosófico a partir de uma entrevista concedida pelo sociólogo Zygmunt Bauman no ano passado ao projeto Fronteiras do Pensamento. Foram abordadas diversas temáticas, entre as quais destaco duas. O intelectual chama a atenção para o fato de que a maior aproximação contemporânea da Ágora são os talk shows, caracterizados pelas discussões de problemas individuais e pela exposição da privacidade. Retoma e atualiza a análise de Sigmund Freud (1856-1939) quanto ao mal-estar na civilização. Bauman compartilha da posição defendida por Freud de que toda civilização é uma troca de dois valores: segurança e liberdade. Todavia, se à época da publicação de O mal-estar na civilização (1920) o problema residia na perda de liberdade em prol da segurança, na contemporaneidade o problema é de ordem inversa: cedemos segurança em favor da liberdade. Acrescenta o intelectual que segurança e liberdade são os dois valores indispensáveis a uma vida satisfatória, recompensadora e relativamente feliz, porém é impossível encontrar a fórmula ideal para conciliá-los, ainda que jamais deixemos de buscá-la. Ao final da entrevista, afirma que estamos cotidianamente diante de uma gama de opções proporcionadas pelo destino e que as escolhas são feitas segundo o caráter de cada um, razão pela qual não há segredo para a felicidade. Para cada ser humano há uma receita especial para a felicidade. Nas palavras de Bauman, “para cada ser humano há um mundo perfeito feito especialmente para ele ou para ela”.

A entrevista está disponível logo abaixo.

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Dissencialistas Indica: a matéria Reações às cotas subestimam o racismo, assinada por Matheus Pichonelli e publicada no site da revista Carta Capital. O jornalista aborda a contribuição dada pelo Supremo Tribunal Federal à emancipação dos negros na sociedade brasileira ao declarar a constitucionalidade do modelo de cotas raciais adotado pela UnB. Nas palavras de Pichonelli, “num país de 190 milhões de habitantes, é humanamente impossível vigiar os processos de exclusão manifestados contra grupos minoritários (sempre considerando como ‘minorias’ os grupos que tiveram negados, ao longo da História, o acesso à totalidade dos direitos civis, sociais, políticos). Mas é dever do Estado criar regras para garantir acesso a lugares públicos, como a universidade”. Clique aqui para ler o texto na íntegra.

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Aproveito para agradecer as mais de 2.080 visitas recebidas pelo blog. Agradeço, em especial, à página Livros e Afins por ter feito uma gentil divulgação do Dissencialistas na  última semana.

Até a próxima,
Stanley Marques.

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“Somos mais peregrinos ou mais turistas?”

O educador e psicólogo Yves de La Taille foi o convidado do Café Filosófico (TV Cultura) do último domingo de novembro. O estudioso abordou questões que atormentam a contemporaneidade, como o sentimento de vergonha, a vida de fragmentos, o conhecimento versus informação, o medo da exclusão, a modernidade líquida, o tédio e o ócio. Assista o programa na íntegra e reflita com o pesquisador especializado em desenvolvimento moral.

Do Tédio ao Respeito de Si: Educação Moral e Formação Ética – No encontro, serão propostas duas análises complementares da contemporaneidade. Primeiro, falaremos de uma ‘cultura do tédio’, de falta de sentido existencial que comprometem a realização ética de uma ‘vida boa’. Em seguida, falaremos de uma ‘cultura da vaidade’, de superficialidade, que comprometem a legitimação moral de deveres. Finalmente, à luz da abordagem psicológica, serão apontadas ações educacionais desejáveis para a construção de uma ‘cultura do sentido’ e uma ‘cultura do respeito de si’.

Outros vídeos do Café Filosófico estão disponíveis no CPFL Cultura.

Gostaria, ainda, de agradecer os mais de 1.100 acessos recebidos pelo blog desde junho, quando foi publicada a primeira postagem (Sangue Latino, com Eduardo Galeano) no Dissencialistas.

Até a próxima,
Stanley Marques.

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